Extraído de: http://www.saudinha.com sob o título de "Suave veneno"
No dia 16 de Agosto de 2006, uma simples experiência entre amigos terminou da pior forma possível: em tragédia. Três rapazes, na idade da inocência, ingeriram o vulgo "chá-do-diabo" e um deles foi traído pelo veneno da trombeteira, acabando por falecer.
A ocorrência trouxe a público a questão das plantas tóxicas, cujo debate é urgente.A trombeteira não é a única planta letal. As mortíferas proliferam em qualquer canto, a povoar um jardim, indiferentes ao perigo que representam.Uma reportagem inserta na edição on-line do Portugal Diário dá conta de uma lista de plantas que matam. São poucas, efectivamente, mas as que matam fazem-no sem dó nem piedade.As não letais têm efeitos secundários quando ingeridas em excesso, especialmente através de chá. Foi o que aconteceu naquela tarde. Um dos jovens acabou por falecer! Os restantes tiveram de receber tratamento hospital.Os sintomas provocados por muitas das plantas vão desde uma valente dor de barriga, náuseas ou confusão mental.Ainda de acordo com a referida reportagem, publicada pelo Portugal Diário, os humanos necessitam de aprender quais as plantas que são comestíveis e, necessitam também de ter conhecimento referente ao perigo que está por detrás da mais bela flor.A trombeteira (brugmansia), a beladona (atropa belladona), a dedaleira (digitalis purpurea) ou o acónito (aconitum napellus) são alguns dos exemplos de plantas compostas por veneno.Numa consulta rápida pela internet é imensa a lista de plantas mortíferas a evitar. O curioso é que a informação não passa do espaço cibernético.O tema só figura nos jornais, depois de ter acontecido a tragédia com o o rapaz de 15 anos. Nessa altura, os especialistas vieram alertar para o perigo que estas flores representam.
ALERTAS SEMPRE NECESSÁRIOSOs cientistas e estudiosos defendem sempre: as plantas existem para dar beleza a um espaço. Se não se conhece a planta, estuda-se e não se prova.A ideia, por mais minimalista que seja, é defendida a cada vez que as plantas fazem uma vítima.Seja por curiosidade, seja por desconhecimento, só nos Estados Unidos, morrem anualmente cerca de 100 mil pessoas, segundo dados da Food and Drug Administration (FDA). No Brasil, levantamentos da Organização Mundial de Saúde (OMS) dão conta da ocorrência de 2 mil casos de envenenamento por ano.Em Portugal os dados ainda não foram dados a conhecer mas o mais recente aconteceu naquela fatídica quarta-feira.As plantas curam as pessoas desde os primórdios. O homem quis estar em vantagem à natureza e conseguiu fazer com que as plantas tivessem um fim terapêutico.Como qualquer medicamento, aparecem os efeitos indesejados. Primeiro sofrimento lento e depois morte (que pode ser provocada ou por paragem respiratória ou cardíaca).
A REVISTA apresentou algumas das plantas mortais, com toxinas venenosas que podem matar quem entrar em contacto com elas.Apesar das tentativas, não dá para fazer um ranking incontestável das mais venenosas. Primeiro, porque o efeito da toxina varia muito de pessoa para pessoa - as vítimas mais resistentes podem ter apenas vómitos ou outras reacções menos pesadas; as mais fracas podem morrer.Segundo, porque a quantidade de veneno capaz de causar problemas ao ser humano muda de planta para planta.E terceiro, porque existem várias formas de contágio: comendo a planta, tendo contacto pela pele e até cheirando o perfume que ela exala. Todas as plantas referidas são consideradas venenosas e chegam a causar acidentes domésticos.As principais vítimas são as crianças, que costumam achar saborosas as plantas. Algumas delas, ao mastigar ferem a boca e a faringe, com o veneno, provocando um inchaço que impede a passagem de ar e causa morte por asfixia.A morte pode ser evitada se toda a comunidade estiver ciente de que plantas desconhecidas podem matar. O melhor é evitar que as crianças se deixem ludibriar pela cor e formato da planta.
ACÓNITOO acónito (aconitum napellus) é uma planta com flores parecidas com a dedaleira, mas de cor azul, e é relativamente frequente em Portugal. Numa dose superior à recomendada, o veneno mata por paralisia respiratória. Mas com prescrição, a planta é usada nas afecções respiratórias (sobretudo na asma e no tratamento da tosse), nas nevralgias e nas dores reumáticas.
BELADONAA beladona (atropa belladona) tem folhas lanceoladas com bagas vermelhas, semelhantes às do azevinho. O veneno da beladona está nas bagas e não é preciso comer muitas, explicou um especialista, em declarações ao Portugal Diário.Em quantidades estudadas, é usada no tratamento da tosse espástica, tosse convulsa, bronquite asmática, úlceras gastroduodenais, espasmos gastro-intentinais e cólicas biliares. As bagas, extremamente tóxicas, quando ingeridas, mesmo em pequenas quantidades, são mortais. Os sintomas começam por revelar-se pela secura da boca, retenção de urina, obstipação, alucinações e, finalmente, a morte, por paragem cardíaca.
CICUTA/CANELA/CAMOMILAA Cicuta (Conium Maculatum), é uma planta da família das umbelíferas, muito frequentes em Portugal. Usada actualmente no tratamento das doenças neoplásticas, foi, durante muito tempo, empregue como sedativo, analgésico e antiespasmódico. As doses terapêuticas são usadas com êxito nas nevralgias do trigémeo. Devido à sua configuração é fácil confundi-la com aipo, o endro, o funcho, a salsa e a rama da cenoura. É um veneno violento, que actua sobre o sistema neuro-muscular. Pode causar a morte por paralisia respiratória.O Chá de Canela, em grande quantidade, pode causar deformação do feto, como é natural só aplicável às mulheres grávidas.A Camomila pode interferir em tratamento radiológico do cancro.
CÓLQUICOO Cólquico (Colchicum autumnale) é uma erva da família das liliáceas, frequente em Portugal, com características de "bela flor" de cor rosa que aparece em Outubro/Novembro.É, desde há séculos, medicamento de primeira escolha no tratamento das crises de gota, sendo também ultimamente usado no tratamento das doenças neoplásicas.É uma planta muitíssimo tóxica, nunca devendo ser levadas as suas flores à boca e, de preferência, deve ser colhida com luvas, por pessoas competentes.O veneno actua por intoxicação celular e manifesta-se apenas algumas horas após a ingestão da planta com irritação e sensação de queimadura no tubo digestivo, sede, náuseas e vómitos.Após mais algumas horas instala-se uma síndroma semelhante às manifestações da cólera seguido de morte por colapso circulatório e paragem respiratória.
DEDALEIRAA Dedaleira (digitalis purpurea) é uma flor arroxeada em forma de dedal, em cachos, e que pode chegar a ter um metro de altura, apontada como perigosa.É comum desabrochar na Primavera e permanece durante todo o Verão. É compostas por numerosos cardiotónicos como a digitalina, digoxina e digitoxina. É uma planta que cresce de Norte a Sul do país e que, em doses elevadas, pode causar fibrilação cardíaca.
ESPIRRADEIRAA Espirradeira (Nerium oleander L.) é usada, em especial no Brasil, para provocar aborto. Segundo um dos muitos sites alojados na internet, basta apenas meia folha. Uma quantidade maior pode provocar paragem cardíaca.O uso por tempo indeterminado pode ser altamente prejudicial. A mistura aleatória é uma faca de dois gumes.
LOENDROOutras plantas muito comuns, usadas nos separadores das auto-estradas, também são venenosas, mas não mortais. A Nerium Oleander (vulgarmente conhecidas por loendro ou adelfas) pode provocar mal-estar.
terça-feira, 19 de junho de 2012
Dois litros de água e uma grande polêmica
Nutricionista australiano defende que o incentivo a um consumo mínimo do líquido é, na verdade, uma estratégia da indústria que engarrafa o produto. Segundo o pesquisador, frutas, verduras e legumes também fornecem os fluidos necessários para o bom funcionamento do corpo
Beber pelo menos 2l de água por dia é realmente necessário ou alarmismo? Um estudo da Universidade La Trobe, da Austrália, sugere que a campanha para o alto consumo do líquido está muito mais ligada aos interesses de empresas que vendem o produto engarrafado do que a uma preocupação com a saúde pública. Responsável pela pesquisa, o nutricionista Spero Tsindos afirma que as conhecidas recomendações que defendem o consumo de oito copos de líquidos por dia foram mal interpretadas intencionalmente, de forma a colocar a água como a principal, e mesmo a única, responsável pela hidratação do corpo. Segundo o pesquisador, os alimentos com alto teor de água têm um papel muito mais importante do que se imagina, sendo a melhor opção, inclusive, para quem quer emagrecer. A tese defendida pelo nutricionista é polêmica e criou um rebuliço entre especialistas.
Para o médico ortomolecular Ícaro Alcântara, a defesa de Tsindos é um contrassenso. “Se a indústria de água engarrafada quer o maior consumo de água, existe uma enorme indústria da doença interessada em que as pessoas se cuidem cada vez menos para que elas possam lucrar em cima dos problemas de saúde”. Segundo Alcântara, a baixa ingestão da água é responsável pelo desenvolvimento de inúmeras doenças, como a cefaleia, a constipação intestinal e problemas relacionados ao ressecamento da pele e dos olhos.
O médico ainda defende ser essencial que um adulto consuma aproximadamente três litros de água durante o dia. “Essa média é calculada para uma pessoa com 60 quilos que vive no nível do mar. Considerando as pessoass que vivem em cidades muito acima do nível do mar, como Brasília, que está mil metros acima do nível do mar e submetido a uma umidade relativa do ar muito baixa, o que requer um consumo maior de água”, alerta. Segundo ele, a necessidade de líquido varia também de acordo com a taxa de atividade física de cada pessoa. “Todas as trocas de nosso corpo precisam da molécula de água para acontecer. A água hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutrientes, elimina toxinas e repõe energia.”
Estudo no Saara Para auxiliá-lo em suas conclusões, Tsindos utiliza-se de uma etnografia realizada em 1976 pelo antropólogo Claude Paque sobre o consumo de água entre povos nômades do Deserto do Saara. Em tal estudo, foi constatado que as etnias africanas ingeriam metade da proporção do líquido consumida pelos europeus, e isso tudo em um ambiente infinitamente mais severo. “Não há nenhuma evidência para apoiar a crença dos oito copos de água por dia, mas há evidências de que um adulto saudável pode viver com muito menos”, defende Tsindos em entrevista ao Estado de Minas. Para ele, o “exagero” encontra explicação na rentável indústria da água mineral engarrafada, um dos mercados que mais cresce no mundo. No Brasil, por exemplo, a taxa aproxima-se dos 10% ao ano. “Há 30 anos, você não via uma garrafa de água em nenhum lugar. Agora, elas aparecem como um acessório fashion”, critica o nutricionista.
De acordo com Carlos Alberto Lancia, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Água Mineral (Abinam), o crescimento do setor está relacionado a hábitos mais saudáveis dos brasileiros, que têm, cada vez mais, buscado diminuir a presença dos refrigerantes nas refeições. “A indústria de água mineral é uma das que mais cresce no Brasil porque as pessoas querem um produto natural. Quanto mais você aumenta a cultura do país, mais você vai ter consumidores de água”, defende. Segundo o geólogo, a média de consumo de água no Brasil é de 40l per capita por ano, enquanto a europeia é de 180l.
Em seu artigo, Tsindos relata os resultados da Pesquisa Nacional de Nutrição realizada na Austrália em 1995, um levantamento detalhado que procurou determinar o que os australianos saudáveis comiam e bebiam. Os números finais indicaram uma ingestão de 2,8 litros de fluidos por dia para as mulheres adultas e 3,4 litros para os homens adultos, total que incluía a água encontrada em alimentos e bebidas. Entre as últimas, estavam não só a água pura, mas também a disponível em chás, cafés, sucos, dentre outros. “Os humanos precisam manter um balanço de fluidos no organismo e beber água quando o corpo requer, mas, além disso, precisam considerar o líquido presente nos sucos, nas frutas e nos vegetais não processados”, defende Tsindos.
A nutricionista Fernanda Bassan ressalta que, para que os líquidos sejam incluídos de forma saudável à alimentação, é preciso evitar bebidas com açúcar, sucos artificiais e refrigerantes, inclusive os dietéticos. “Esses fluidos até podem contribuir para a hidratação, mas não são opções saudáveis para a alimentação. É melhor dar preferência aos sucos naturais, aos chás sem açúcar, à água, à água de coco e às frutas”, explica. Segundo ela, o consumo de frutas in natura é ainda melhor do que o de sucos, para manter o alto teor de fibras, vitaminas e minerais. “Devemos consumir pelo menos três porções de frutas e cinco porções de hortaliças ao dia. Com isso, já temos aproximadamente 500ml de água vindos desses alimentos.” Bassan complementa que, apesar de as frutas e verduras serem os alimentos campeões em teor de água, é possível encontrá-la também em carnes, peixes e pães.
Mito da desidratação Na pesquisa desenvolvida pela universidade australiana, outro ponto controverso diz respeito ao momento em que se deve ingerir líquidos. “Existe um mito de que, quando você está com sede, é porque já está desidratado. Isso não é verdade. Seu corpo só está lhe dizendo que é hora de beber. Ele vai absorver a água necessária e remover o resto”, defende Tsindos. Alcântara, entretanto, acredita que beber água de hora em hora, mesmo sem sede, faz parte de ações que visam prevenir possíveis problemas. “É como se você esperasse ter uma cárie para ir ao dentista”, compara o médico ortomolecular.
Além de sua importância em manter o bom funcionamento do corpo, a água é muitas vezes o personagem principal de dietas de redução de peso. Mulheres e homens, em busca do emagrecimento rápido, eliminam drasticamente os alimentos e dão prioridade ao líquido durante vários dias. A pesquisa de Tsindos, entretanto, revelou que a água nos alimentos ingeridos tem maior benefício na redução de peso. “Ela ajuda na perda da fome, mas não é, por si só, a responsável por emagrecer. É preciso combiná-la com um dieta de baixa caloria”, explica. Segundo o pesquisador, a ingestão exagerada de água, além de não ajudar na redução de peso, pode levar à hiponatremia, chegando mesmo à insuficiência cardíaca.
Um diferente ponto de vista, entretanto, é apresentado por Alcântara, que explica o processo de emagrecimento por meio da ação dos três grandes combustíveis do nosso organismo: água, comida e oxigênio. “Se falta um deles, nosso metabolismo diminui. Quem ingere pouca água retém líquido no corpo e acaba engordando. É por isso que a água é importante para quem quer emagrecer, porque é um dos combustíveis para o bom funcionamento do metabolismo”. O médico ainda esclarece que doenças relacionadas ao excesso de água ocorrem somente quando a quantidade ingerida é maior do que a capacidade do rim em filtrá-la e eliminá-la por meio da urina.
Apesar das polêmicas, para Carlos Alberto Lancia, não há nenhuma bebida que possa substituir a água, “o único produto 100% natural”. “A da torneira não é, a do filtro também não. Além disso, a maioria das frutas e verduras tem agrotóxicos. Essa é a realidade. Faça um teste e consuma só a água dos alimentos para perceber a diferença. Existem vários estudos no mundo sobre a água, mas devemos seguir o que é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde): a ingestão de 2l por dia”, defende.
Marcela Ulhoa
Publicação: 19/06/2012 04:00 Beber pelo menos 2l de água por dia é realmente necessário ou alarmismo? Um estudo da Universidade La Trobe, da Austrália, sugere que a campanha para o alto consumo do líquido está muito mais ligada aos interesses de empresas que vendem o produto engarrafado do que a uma preocupação com a saúde pública. Responsável pela pesquisa, o nutricionista Spero Tsindos afirma que as conhecidas recomendações que defendem o consumo de oito copos de líquidos por dia foram mal interpretadas intencionalmente, de forma a colocar a água como a principal, e mesmo a única, responsável pela hidratação do corpo. Segundo o pesquisador, os alimentos com alto teor de água têm um papel muito mais importante do que se imagina, sendo a melhor opção, inclusive, para quem quer emagrecer. A tese defendida pelo nutricionista é polêmica e criou um rebuliço entre especialistas.
Para o médico ortomolecular Ícaro Alcântara, a defesa de Tsindos é um contrassenso. “Se a indústria de água engarrafada quer o maior consumo de água, existe uma enorme indústria da doença interessada em que as pessoas se cuidem cada vez menos para que elas possam lucrar em cima dos problemas de saúde”. Segundo Alcântara, a baixa ingestão da água é responsável pelo desenvolvimento de inúmeras doenças, como a cefaleia, a constipação intestinal e problemas relacionados ao ressecamento da pele e dos olhos.
O médico ainda defende ser essencial que um adulto consuma aproximadamente três litros de água durante o dia. “Essa média é calculada para uma pessoa com 60 quilos que vive no nível do mar. Considerando as pessoass que vivem em cidades muito acima do nível do mar, como Brasília, que está mil metros acima do nível do mar e submetido a uma umidade relativa do ar muito baixa, o que requer um consumo maior de água”, alerta. Segundo ele, a necessidade de líquido varia também de acordo com a taxa de atividade física de cada pessoa. “Todas as trocas de nosso corpo precisam da molécula de água para acontecer. A água hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutrientes, elimina toxinas e repõe energia.”
Estudo no Saara Para auxiliá-lo em suas conclusões, Tsindos utiliza-se de uma etnografia realizada em 1976 pelo antropólogo Claude Paque sobre o consumo de água entre povos nômades do Deserto do Saara. Em tal estudo, foi constatado que as etnias africanas ingeriam metade da proporção do líquido consumida pelos europeus, e isso tudo em um ambiente infinitamente mais severo. “Não há nenhuma evidência para apoiar a crença dos oito copos de água por dia, mas há evidências de que um adulto saudável pode viver com muito menos”, defende Tsindos em entrevista ao Estado de Minas. Para ele, o “exagero” encontra explicação na rentável indústria da água mineral engarrafada, um dos mercados que mais cresce no mundo. No Brasil, por exemplo, a taxa aproxima-se dos 10% ao ano. “Há 30 anos, você não via uma garrafa de água em nenhum lugar. Agora, elas aparecem como um acessório fashion”, critica o nutricionista.
De acordo com Carlos Alberto Lancia, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Água Mineral (Abinam), o crescimento do setor está relacionado a hábitos mais saudáveis dos brasileiros, que têm, cada vez mais, buscado diminuir a presença dos refrigerantes nas refeições. “A indústria de água mineral é uma das que mais cresce no Brasil porque as pessoas querem um produto natural. Quanto mais você aumenta a cultura do país, mais você vai ter consumidores de água”, defende. Segundo o geólogo, a média de consumo de água no Brasil é de 40l per capita por ano, enquanto a europeia é de 180l.
Em seu artigo, Tsindos relata os resultados da Pesquisa Nacional de Nutrição realizada na Austrália em 1995, um levantamento detalhado que procurou determinar o que os australianos saudáveis comiam e bebiam. Os números finais indicaram uma ingestão de 2,8 litros de fluidos por dia para as mulheres adultas e 3,4 litros para os homens adultos, total que incluía a água encontrada em alimentos e bebidas. Entre as últimas, estavam não só a água pura, mas também a disponível em chás, cafés, sucos, dentre outros. “Os humanos precisam manter um balanço de fluidos no organismo e beber água quando o corpo requer, mas, além disso, precisam considerar o líquido presente nos sucos, nas frutas e nos vegetais não processados”, defende Tsindos.
A nutricionista Fernanda Bassan ressalta que, para que os líquidos sejam incluídos de forma saudável à alimentação, é preciso evitar bebidas com açúcar, sucos artificiais e refrigerantes, inclusive os dietéticos. “Esses fluidos até podem contribuir para a hidratação, mas não são opções saudáveis para a alimentação. É melhor dar preferência aos sucos naturais, aos chás sem açúcar, à água, à água de coco e às frutas”, explica. Segundo ela, o consumo de frutas in natura é ainda melhor do que o de sucos, para manter o alto teor de fibras, vitaminas e minerais. “Devemos consumir pelo menos três porções de frutas e cinco porções de hortaliças ao dia. Com isso, já temos aproximadamente 500ml de água vindos desses alimentos.” Bassan complementa que, apesar de as frutas e verduras serem os alimentos campeões em teor de água, é possível encontrá-la também em carnes, peixes e pães.
Mito da desidratação Na pesquisa desenvolvida pela universidade australiana, outro ponto controverso diz respeito ao momento em que se deve ingerir líquidos. “Existe um mito de que, quando você está com sede, é porque já está desidratado. Isso não é verdade. Seu corpo só está lhe dizendo que é hora de beber. Ele vai absorver a água necessária e remover o resto”, defende Tsindos. Alcântara, entretanto, acredita que beber água de hora em hora, mesmo sem sede, faz parte de ações que visam prevenir possíveis problemas. “É como se você esperasse ter uma cárie para ir ao dentista”, compara o médico ortomolecular.
Além de sua importância em manter o bom funcionamento do corpo, a água é muitas vezes o personagem principal de dietas de redução de peso. Mulheres e homens, em busca do emagrecimento rápido, eliminam drasticamente os alimentos e dão prioridade ao líquido durante vários dias. A pesquisa de Tsindos, entretanto, revelou que a água nos alimentos ingeridos tem maior benefício na redução de peso. “Ela ajuda na perda da fome, mas não é, por si só, a responsável por emagrecer. É preciso combiná-la com um dieta de baixa caloria”, explica. Segundo o pesquisador, a ingestão exagerada de água, além de não ajudar na redução de peso, pode levar à hiponatremia, chegando mesmo à insuficiência cardíaca.
Um diferente ponto de vista, entretanto, é apresentado por Alcântara, que explica o processo de emagrecimento por meio da ação dos três grandes combustíveis do nosso organismo: água, comida e oxigênio. “Se falta um deles, nosso metabolismo diminui. Quem ingere pouca água retém líquido no corpo e acaba engordando. É por isso que a água é importante para quem quer emagrecer, porque é um dos combustíveis para o bom funcionamento do metabolismo”. O médico ainda esclarece que doenças relacionadas ao excesso de água ocorrem somente quando a quantidade ingerida é maior do que a capacidade do rim em filtrá-la e eliminá-la por meio da urina.
Apesar das polêmicas, para Carlos Alberto Lancia, não há nenhuma bebida que possa substituir a água, “o único produto 100% natural”. “A da torneira não é, a do filtro também não. Além disso, a maioria das frutas e verduras tem agrotóxicos. Essa é a realidade. Faça um teste e consuma só a água dos alimentos para perceber a diferença. Existem vários estudos no mundo sobre a água, mas devemos seguir o que é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde): a ingestão de 2l por dia”, defende.
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