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domingo, 15 de maio de 2011

PLANTAS MEDICINAIS: LARANJA-AZEDA

Nome popular LARANJA-AZEDA
Nome científico Citrus aurantium L.
Família Rutáceas
Sinonímia popular Laranja-amarga, apipú
Sinonímia científica Citrus vulgaris Risso
Parte usada Exocarpo e o mesocarpo (capa externa) desprovida do endocarpo (capa interna).
Propriedades terapêuticas Aperiente, antiespasmódico, carminativo, diurético, colagogo, sedante, vermífugo, tônico.
Princípios ativos Óleo essencial, flavonóides
Indicações terapêuticas Palpitações, diarréias, indutor do sonho, casos de angústia, quadros depressivos,
Informações complementares
Nomes em outros idiomas

  • Bitter orange (Inglês)

  • Orange amére (Francês)

  • Arancio amaro (Italiano) Descrição botânica
    Trata-se de uma árvore sempre verde, pertencente à família das Rutáceas, caracterizada por apresentar ramas e uma altura de cerca de 8 a 10 metros. Folhas ovalado-lanceoladas de até 8cm de largura, sinuosas, brilhantes e com pecíolo alado. Flores (azahares) aromáticas brancas ou rosas, encontradas na axila das folhas. O fruto é globoso, de 7,5 cm de diâmetro e de cor laranja quando está maduro.
    Origem
    A laranja amarga é originária da Ásia (Índia, sudeste da China e sul de Vietnam), sendo posteriormente introduzida e naturalizada na Europa e América. Existem exemplares silvestres e cultivados, sendo que em algumas ocasiões é utilizado como base de enxerto para a laranja doce. É encontrado na Europa e principalmente cultivado no sul da França e Espanha (Sevilla).
    História
    A laranja amarga foi empregada na época dos gregos antigos sendo cultivada na Europa a partir do século XII, três séculos antes da laranja doce, através dos navegantes portugueses precedentes das Índias Orientais. Na Tunísia, desde época imemorial, rende-se culto a essa árvore, em especial nas celebrações da “Festa da Laranja” que se realiza anualmente em Nabeul. As flores, conhecidas como "azahar" (em idioma árabe significa "perfume") são recoletadas no final de março para adornar a celebração.
    Composição Química
    Óleo essencial (1-2,5%): apresenta mirceno (1,3-5,5%), cis e trans-b-ocimenos, paracimeno (1-3%), limoneno (90%), álcool monoterpênicos (linalol, a -terpineol, nerol, geraniol, citronelol), acetatos de geranilo, nerilo, citronelilo e linalino; aldeidos (neral, citronelal, geranial, undecanal, decanal e nonanal), cumarinas e furanocumarinas voláteis (aurapteno, auraptenol, bergapteno, bergaptol, escoparona, citropteno).
    Da laranja amarga pode-se obter três tipos de essências: a partir da casca (a mais empregada), das gemas florais e as flores (essência de neroli) e das folhas, ramos e frutos (essência de petit grain). A primeira se obtém por expressão a frio, enquanto as duas últimas de obtém por destilação com vapor de água. Nesses casos o rendimento é pobre: para obter 1 litro de essência de petit grain é necessário 350 kg de matéria vegetal; e para se obter 1 kg de essência de neroli é preciso 1000 kg de flores.
    Flavonóides: neohesperidina, hesperidina e naringina (princípios amargos), lonicerina, rutina, aurantina.
    Outros: ácido hesperidínico e ácido auranciamarínico (substâncias amargas), umbeliferona e auranciamarínico (cumarinas), pectina (pericarpo dos frutos), resina amarga, ácidos cítrico, ascórbico e málico (frutos), açúcares no fruto (sacarosa, dextrosa e levulosa).
    Ações farmacológicas
    Alguns componentes do óleo essencial tais como o linalol, acetato de lindilo, nerol e geraniol apresentam um efeito antiespasmódico, sedante e ligeiramente hipnótico (Adesina S., 1982; Hong N. et al, 1984). Nesse sentido é muito utilizada a água de azahar (obtido das flores) como antiespasmódico (ForsterH.et.al., 1980; Itokawa H. et.al., 1983).
    Em animais com septicemia, a injeção de extratos de frutos não maduros (rico em sinefrina e N-metiltiramina) permitiu combater o colapso cardiorrespiratório com uma efetividade de 96% (Chen X., 1981;Zhao X., 1989).
    Os extratos aquosos e alcoólicos exibem atividade bacteriostática frente a Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Neisseria gonorrhoeae, Proteus mirabilis, Pseudomona aeruginosa, Staphylococcus aureus e Streptococcus-b-hemolítico (El Keltawi N. et al., 1980; Janssen A. et al., 1986; Ebana R., 1991).
    Outro estudo revelou a ausência de atividade inibidora significativa do óleo essencial frente a E. coli, S. aureus, Streptococcus pyogens, Streptococcus viridans, Diplococcus pneumoniae, Corynebacterium diphteriae, Salmonella spp. e Shigella spp. (Naqvi S. et al., 1991).
    Os extratos úmido e alcoólico de Citrus aurantium administrados oralmente a ratas apresentaram ação inibidora nas reações alérgicas de tipo I induzidas por soro IgE de ascaris antidinitrofenilado (Koda A. et al., 1982).
    O limoneno demonstrou ter propriedades expectorantes (Acosta de la Luz, L. 1993). A pectina melhora os processos de obstrução (obstipação intestinal) e se comporta como agente hemostático.
    A vitamina C é antiescorbútica e antioxidante. Os princípios amargos conferem ação tônica, aperiente e carminativa.
    Os flavonóides exibem uma atividade protetora capilar e ligeiramente diurética (Cáceres A. et al., 1987). A hesperidina apresenta um efeito depressor sobre o SNC e atividade miorelajante. No entanto a neohesperidina di-hidro-chalcona não apresenta efeito depressor e ao contrário, provoca um incremento sobre a atividade motora espontânea e o tono muscular (Suárez J. et al., 1996).
    Ultimamente importantes avanços estão ocorrendo na abordagem do câncer de próstata, através de um produto padronizado obtido da pectina da laranja, o qual se conhece como MCP: Modified Citrus Pectin. Esta substância exibiu atividade antimetastásica de células malignas de próstata em modelos in vitro dependente de dose (Pienta K., 1995). Nesta atividade estariam envolvidos resíduos galactosídicos de MCP, como o rhamnogalacturonano, que atrairia os linfócitos CD3+ à área de ação para que exerçam seu efeito citotóxico (Zollner J. et al., 1993; Zhu T. et al., 1994).
    Atualmente é comercializado na América do Norte com o nome de Pecta-Solâ.
    O epicarpo dessecado da laranja amarga madura ou a ponto de amadurecer se encontra registrado na 6ª Edição da Farmacopea Nacional Argentina (Amorin J., 1980).
    Efeitos adversos e/ou tóxicos
    Levar em conta que as furanocumarinas são agentes fototóxicos e potenciais mutágenos do ADN celular. A essência da laranja amarga também pode dar fenômenos de hipersensibilidade, sobretudo sob exposição solar após aplicações com loções que as contenham. O nerol, e em menor medida os terpenos citronelol, linalol e geraniol, seríam os princípios hipersensibilizantes. No caso do vitiligo, a fotosensibilidade provocada por óleos de origem cítrico (em especial o de bergamota) é considerada terapêutica (Pellecuer J., 1995).
    Usos Etnomedicinais - Formas Galênicas
    Popularmente se empregam as flores, folhas, frutos, sucos e casca como aperiente, antiespasmódico, carminativo, diurético, colagogo, sedante, vermífugo e tônico.
    O óleo de neroli em vaselina é empregado na Índia como preventivo contra as picadas de sanguessugas. A infusão de folhas e flores (5%) indicam-se como sedante, antidispéptico, orexígeno e em frições (atrito) como antipirético. Em Cuba, a decocção do fruto se emprega como antihemorrágico em lesões da mucosa digestiva. O suco se recomenda como antidiarreico, antidisentérico e antitérmico.
    Entre as formas galênicas se emprega o "enolado" (5%), sob maceração de duas semanas, a administrar 2-3 copos (80 cc.) diários. O extrato fluido (1g = 50 gotas) se administra a razão de 30-40 gotas, 3 vezes ao dia. Em aromaterapia a essência de neroli se emprega internamente em casos de palpitações, diarréias e como indutor do sonho. A essência de petit grain é empregada em casos de angústia e quadros depressivos.
    Outros usos
    A essência de neroli se usa em perfumaria como agente aromatizante. A água das flores (azahar) e a casca da laranja amarga se empregam como corretor organoléptico, em especial sobre substâncias salinas e amargo-salinas. A hesperidina se emprega como aromatizante amargo em algumas bebidas alcoólicas. Na cozinha árabe costuma-se colocar um par de gotas de azahar sobre as carnes em cozimento. Também costumam agregar ao café turco antes de tomar o primeiro gole.
    Curiosidades
    É costume de muitos lugares e inclusive restaurantes de Túnez, jogar algumas gotas de água de azahar sobre os ombros do visitante para dar as boas vindas e desejar que ele volte.
    Dentro das crenças antigas, a laranja simboliza a fecundidade semelhante à maioria dos frutos que contém muitas sementes ou galhos (ramos). Na antiga China, oferecer laranjas às jovens significa pedir a mão em casamento.
    Referências
    1. Acosta de la Luz L.: Cultive plantas medicinales. Edit. Científico-Técnica de la Habana. 1993.
    2. Adesina S.: Studies on some plants used as anticonvulsants in Amerindian and African traditional medicine. Fitoterapia. Nº 53, pp. 147-62 (1982).
    3. Amorin J.: Guía Taxonómica de Plantas Medicinales con Interés Farmacéutico. Rev. INFYB. 1980.
    4. Ávila J.: Del naranjo al azahar. Fitomédica. Nº 8, pp. 51-4. (1997).
    5. Bross B.: Las plantas y sus aceites esenciales. Edit. Omega S. A. 1994.
    6. Cáceres A.; Biron L. and Martínez A.: Diuretic activity of plants used for the treatment of urinary ailments in Guatemala. Journal of Ethnopharmacology. Vol. 19, nº 3, pp. 233-45 (1987).
    7. Chen X.; Liu L.; Deng H. et al.: The effects of Citrus aurantium and its active ingredient N- methyltyramine on the cardiovascular receptors. Yao Hsueh Hsueh Pao. Vol. 16, nº 4, pp. 253-9 (1981).
    8. Chin W. & Keng H.: Chinese Medicinal Herbs. Times Editions. Kuala Lumpur, Malaysia. 1990.
    9. Dietrich G.: Aceites esenciales en aromaterapia. Edit. Integral S. A. 1ª Edic. Oasis. 1992.
    10. Ebana R.; Madunagu B.; Ekpe E. et al.: Microbiological expoliation of cardiac glycosides and alkaloids from Garcinia kola, Borrelia acymoides, Kola nitida and Citrus aurantifolia. J. Appl. Bact. 71 (5): 398-401 (1991).
    11. El Keltawi N.; Megalla S. and Ross S.: Antimicrobial activity of some Egyptian aromatic plants. Herba Pol. Vol. 26, nº 4, pp. 245-50 (1980).
    12. Forster H.; Nikias H. and Lutz S.: Antispasmodic effects of some medicinal plants. Planta Medica. Vol. 40, nº 4, pp. 309-19 (1980).
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    14. Itokawa H.; Mihashi S.; Watanabe K. et al.: Studies on the constituents of crude drugs having inhibitory activity against contraction of the ileus caused by histamine or barium chloride. Shoyakugaku Zasshi. Vol. 37, nº 3, pp. 223-8 (1983).
    15. Janssen A.; Chin N.; Scheffer J. et al.: Screning for antimicrobial activity of some essential oils by the agar overlay technique. Pharmac. Weekblad. Scientific Edition. Vol. 8, nº 6, pp. 289-92 (1986).
    16. Koda A.; Nishiyori T.; Nagai H.; Matsuura N. and Tsuchiya H.: Antialergic functions from chinese herbs. Fol. Pharmacol. Japan. Nº 80, pp. 31-40 (1982).
    17. Naqvi S.; Khan M. and Vohora S.: Antibacterial, antifungal and anthelmintic investigations on Indian medicinal plants. Fitoterapia. Vol. LXII, nº 3, pp. 221-8 (1991).
    18. Pellecuer J.: Aromaterapia y toxicidad de los aceites esenciales. Natura Medicatrix. Nº 37-8: 36-40 (1995).
    19. Peris J.; Stübing G. y Vanaclocha B.: Fitoterapia Aplicada. Edit. Micof S. A. Colegio Farm. Valencia. 1995.
    20. Pienta K.: Modified citrus pectin in reducing the spread of cancer. Proc. Annu. Meet. American Association Cancer Research. Nº 36, pp. A377 (1995).
    21. Stuart M.: Enciclopedia de Hierbas y Herboristería. Edit. Omega S. A. 1981.
    22. Zhao X.; Li J.; Zhu Z. et al.: Anti-shock effects of synthetic effective compositions of fructus aurantii inmaturus Chinese Med. Journal of England. Vol. 102, nº 2, pp. 91-3 (1989).
    23. Zollner J. et al.: Anticancer Research. Vol. 13, nº 4, pp. 923-30. Jul-Aug. 1993.
    24. Zhu T. et al.: Journal Cancer Research Clin. Oncol. Vol. 120, nº 7, pp. 383-8 (1994).
    Colaboração
    O texto original foi extraído do site da Associacion Argentina de Fitomedicina e enviado por Dilvo Bigliazzi Júnior, Médico (Canavieiras, BA), julho de 2005. Tradução: Carla Queiroz Becerra (Estagiária - Centro de Informática na Agricultura - USP - Piracicaba, SP)

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