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segunda-feira, 16 de maio de 2011

PLANTAS MEDICINAIS: MILHO

Nome popular MILHO
Nome científico Zhea mays L.
Fotos ampliadas 1
Família Pascias (Gramíneas)
Sinonímia popular Painzo
Parte usada Estilos, estigmas
Propriedades terapêuticas Diurético, antiespamódico, antiinflamatório, abortivo, emenagogo
Princípios ativos Saponinas, fitoesterois, alantoína, betaína, taninos, resinas, borracha (goma), fermentos, flavonóides, antocianidinas, sais minerais.
Indicações terapêuticas Gota, edemas, cistite, uretrite, litíases urinárias,
Informações complementares Foto: plantasmedicinales.org
Nomes em outros idiomas
  • Maize, corn silk (Inglês)

  • Granturco, mais (Italiano)

  • Mäis (Francês)

  • Mais (Alemão)

  • Mayi (Haití e Martinica). Descrição botânica
    Trata-se de uma planta herbácea de alto porte (até 2,5 metros de altura), pertencente à família das Pascias (Gramíneas), caracterizada por apresentar caules eretos com folhas alternadas, largas, lanceoladas, com bainhas, de margem áspera e cortante; flores masculinas reunidas em panículas terminais, e femininas séseis, reunidas em espigas de tamanho grande rodeadas por brácteas membranosas entre as que emergem numerosos estilos filiformes.
    O fruto aparece em cariópside, redondo, brilhante, de cor amarelada, inserido no eixo engrossado da inflorescência.
    Origem
    O milho seria originário de América do Sul, ainda que existam algumas dúvidas sobre seu real lugar primogênito devido a que não foi conhecido em estado silvestre. Alguns indicam que seria originário do Peru, outros indicam Colômbia e um terceiro a América Central, tendo havido historiadores que fizeram referência a origem asiática (Birmânia ou as colinas de Naga), ainda que esta teoria tenha pouca credibilidade.
    O certo é que o milho é cultivado atualmente em todo o mundo, sendo os Estados Unidos o principal produtor. Junto ao arroz e o trigo constituem os principais alimentos vegetais para a humanidade.
    Parte utilizada (continuação)
    Os estilos e estigmas (conhecidos popularmente como "barba de choclo") e a fração insaponificável de óleo de germe de milho. Os estilos e estigmas se colhem quando o fruto está amadurecido.
    A separação do gérmen a partir da trituração do grão permite através do mecanismo de pressão e calor (previamente lavado para eliminar restos de amidos e glúten) obter o óleo de milho cru, o qual logo é clarificado por filtração e decantação e posteriormente refinado para eliminar os ácidos graxos por esfriamento e filtração.
    História
    O milho constituiu o cereal mais importante da América devido a importância dos amidos na alimentação e a indústria. Tem-se encontrado restos fósseis do pólen de milho que datam de 6.000 - 6.500 anos de antigüidade. Na América começaram a cultivar a partir do século XV, existindo algumas referências de seu conhecimento pelos astecas.
    Os nativos peruanos extraíam desta planta alcalóides os quais eram utilizados em cerimoniais religiosos. Cristóvão Colombo levou em 1502 amostras deste cereal para a Espanha, e dali ganhou uma rápida expansão até ao sul da Europa, norte de África e Oeste de Ásia.
    A partir de sua chegada à América do Norte, se expande finalmente à China durante o século XVI.
    Composição Química (continuação)
    Estilos e estigmas: Contém saponinas (10%), fitoesterois (sitosterol e estigmasterol), alantoína, betaína, taninos (11-13%), resinas, borracha (goma), fermentos, flavonóides, antocianidinas, abundantes sais minerais (de potássio, cálcio, magnésio, sódio e ferro), trazas de aceite esencial (0,1- 0,2% destacando entre seus componentes o carvacrol e em menor medida outros terpenos), ácido salicílico (0,3%), ácido maizérico, mucílagos, vitaminas C e K, etc.
    Sementes: Abundantes ácidos grassos polinsaturados: ácidos oleico (37%), linoléico (50%), palmítico (10%) e esteárico (3%); aminoácidos, abundante amido, carotenóides, dextrina, substâncias nitrogenadas (zeína, edestina, maicina), vitamina E (uma das principais fontes para sua obtenção), etc.
    Folha: hordenina (alcalóide), ácidos orgânicos e heterósidos cianogenéticos. Análises aproximadas do grão do milho por 100 g: calorias 334; proteínas 9,2 g; gordura total 3,8g; hidratos de carbono 65,2g; água 12,5 g; fibra 9,2 g; cinzas 0,4%; cálcio 15 mg; flúor 0,06 mg; fósforo 256 mg; ferro 1,5 mg; magnésio 120 mg; potássio 330 mg; sódio 6 mg; retinol 90 m g, tiamina 0,36 mg; riboflavina 0,20 mg; niacina 1,5 mg; piridoxina 0,40 mg; ácido ascórbico (trazas), tocoferol 2,2 mg.
    Ações farmacológicas
    Uma das principais atividades farmacológicas reconhecidas aos estilos do milho é correspondente a atividade diurética a qual é exercida através da ação conjunta entre flavonóides, goma e sais potássios, de acordo com provas realizadas em ratas com o extrato hidroalcoólico dos estilos em doses de 40 ml/kg em administração intragástrica (Ribeiro Rua et al., 1988). Esta atividade demonstrou ser de tipo uricosúrica e fosfatúrica, complementada com uma suave ação antiespasmódica sobre vias urinárias, o qual equivale dizer que os estilos de milho podem ser indicados em casos de gota, edemas, cistite, uretrite e litíases urinária de tipo fosfatídica, oxálica e úrica (Revuelta M. et al., 1987).
    Quanto ao resto dos componentes pode-se citar que os fermentos têm demonstrado possuir propriedades hipoglicemiantes (Bever B. & Zahnd G., 1979), os taninos atividade adstringente e a alantoína ação demulcente, antiinflamatória e reepitelizante (Arteche García A. et al., 1994; Peris J. et al., 1995). Em relação à alantoína tal atividade reepitelizante (recuperação do epitélio) tem demonstrado utilidade em casos de úlceras gástricas, provavelmente através de uma ação estimulante sobre a síntese prostaglandínica, via prostaglandin-sintetasa (Krivenko V. et al., 1989).
    O óleo do germe de milho apresenta abundante ácidos gordurosos insaturados (oleico, linoleico e, numa menor medida, palmítico e esteárico), o qual resulta útil em casos de hipercolesterolemia, devendo-se administrar cru e sem esquentar. Quanto à fração insaponificável do óleo de germe de milho, a mesma possui propriedades antiinflamatórias e antiradicalares atuando de maneira similar a frações insaponificáveis do abacate e soja. Esta mesma fração tem demonstrado também propriedades antibacterianas em hamsters, sendo empregada sob a forma de pastas dentais na abordagem de piorréia alveolodental (Chaput A. et al., 1972; Cáceres A. et al., 1987).
    Quanto a tintura elaborada com os estilos de milho, demonstrou ser inativa in vitro frente à Neisseria gonorrhoeae, evidenciado por halos (auréolas) de inibição menores que 6 mm. (Cáceres A., 1992). Por sua vez, o extrato aquoso de milho administrado por via intraperitoneal em ratos tem demonstrado possuir propriedades antialérgicas, evidenciada através de uma resposta de tipo imunomoduladora com presença de "interferon" (Kojima Y., 1987).
    O milho se encontra registrado na Farmacopea Nacional Argentina (6ª Ed.) e farmacopéias de Alemanha, Bulgária, Coréia, China, Egito, França, Holanda, Índia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Suíça, USA, Vietnam e Iugoslávia entre outras. No Estados Unidos figura no GRAS, que significa espécie segura para uso humano.
    Efeitos adversos e/ou tóxicos
    Os frutos do milho (grãos e estigmas) constituem um alimento de amplíssimo consumo, carente de efeitos adversos e/ou tóxicos.
    Em geral as distintas formas galênicas do milho são muito bem toleradas, observando alguns casos de hipotensão arterial a sua atividade diurética, em especial durante o verão. Foram reportados poucos casos de dermatites ou urticária por contato com polens e o amido (Mitchell J., 1979). A dose efetiva diurética por via intravenosa em coelhos seria de 1,5 mg/kg, sendo considerada muito inferior a DL50 para a mesma via que alcançaria os 250 mg/kg (Leung A, 1980).
    Contra indicações
    O extrato aquoso dos estilos de milho administrados por via intravenosa em coelhos demonstrou efeito oxitóxico presumivelmente através de um mecanismo colinérgico, pelo que não se recomenda seu emprego durante a gravidez (Hahn S., 1973).
    Interações medicamentosas
    Excessivas doses de estilos e estigmas de milho podem interferir com terapias hipoglicemiantes e antihipertensivas, devendo-se controlar neste último caso a espoliação excessiva de potássio (Newall C. et al., 1996).
    Usos etnomedicinais - Formas Galênicas
    Popularmente se empregam os estilos ou estigmas de milho, por suas propriedades diuréticas, em casos de edemas, oliguria, hipertensão arterial, infecções urinárias, hiperuricemias, gota. Também se emprega como abortivo e emenagogo. Em todos os casos se emprega a infusão a 5-10%, a razão de 2-3 xícaras por dia.
    No Haiti empregam a semente moída em aplicação local para a consolidação de fraturas. Em Martinica empregam a deccoção ou infusão dos estilos em casos de sarampo.
    Na República Dominicana recomendam a decocção dos estilos e/ou sementes junto a Spermacoce assurgens em casos de dores cólicas de rim.
    Em Trinidad e Tobago empregam as sementes como antidiarreico.
    Em Cuba empregam as sementes moídas aplicadas como cataplasma em casos de tombo, torceduras e fraturas.
    Na China empregam a bainha ou coberta do grão para tratar diarréias em crianças e o grão inteiro em casos de metrorragias.
    Em forma de extrato fluido (1 g = 40 gotas) se administram 150-300 gotas diárias repartidas em 3-4 porções (tomas). Em forma de extrato seco (5:1) se pode prescrever sob a forma de cápsulas a razão de 300 mg por cápsula, 2-3 vezes ao dia. Em forma de xarope (10% do extrato aquoso) a razão de 1-5 colheres de sopa diárias. A tintura (1:10) em base a 30 gotas, 3 vezes ao dia.
    Outros usos
    O amido de milho (maizena) pode-se empregar como alimento nutricional e antídoto de intoxicações por iodo e bromo. A maizena está conformada pelos grânulos separados do grão de milho, sendo assim que a dextrina (procedente da hidrólise parcial do amido) tem aplicações alimentícias ou dietéticas.
    Industrialmente o milho apresenta propriedades dessecantes e lubrificantes (por exemplo, em luvas cirúrgicas). As plantas verdes são empregadas como forragem e ensilagem para consumo animal. Se bem que a palha não seja comestível, alguns povos da América Central e do Sul a emprega como condimento para obter um sabor doce aos alimentos.
    Na farmácia é empregado o óleo de milho como solvente de injetáveis. Por sua vez a zeína (uma proteína constituinte do milho) é utilizada por suas propriedades desintegrantes e diluentes na elaboração de comprimidos ou tabletes. Em forma de glicerito se utiliza como emoliente base para supositórios.
    Referências
    1. Acosta de la Luz L.: Cultive Plantas Medicinales. Ed. Científico-Técnica de La Habana, Cuba. 1993.
    2. Al George D.: The antiallergic action of some bioactive maize extracts and their possible effects on the immune response. Med. Interne. Vol. 27, nº 3, pp. 237-40 (1989).
    3. Arteche García A. y col.: Fitoterapia: Vademecum de Prescripción. Cita S. A. Col. Farm. Vizcaya. 1994.
    4. Bever B. and Zahnd G.: Plants with oral hypoglycaemic action. Quart. Journal Crude Drug Research. Nº 17 pp. 139-96 (1979).
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    6. Cáceres A.; Girón L.; Alvarado S. et al.: Screening of antimicrobial activity of plants popularly used in Guatemala for the treatment of dermatomucosal disease. Journal of Ethnopharmacology. Vol. 19, nº 3, pp. 223-37 (1987).
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    9. Chin W. & Keng H.: Chinese Medicinal Herbs. Times Editions. Kuala Lumpur. Malaysia. 1990.
    10. Elmadfa I. et al.: La gran guía de la composición de los alimentos. Edit. Integral S. A. 1994.
    11. Germosén Robineau L.: Hacia una Farmacopea Caribeña. Ed. Tramil VII. 1995.
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    19. Revuelta M.; Vivas J.; Díaz M. et al.: Study of the diuretic effect of different preparations of the stigma of Zea mays L. Plant Med. Phytoth. Nº 3, pp. 267-75 (1987).
    20. Ribeiro R. et al.: Acute diuretic effects in conscious rats produced by some medicinal plants used in the State of Sao Paolo, Brasil. Journal of Ethnopharmacology. Vol. 24, nº 1, pp. 19-29 (1988).
    Colaboração
    O texto original, publicado no site da Associacion Argentina de Fitomedicina, foi enviado por Dilvo Bigliazzi Júnior, Médico (Canavieiras, BA), julho de 2005.
    Tradução: Carla Queiroz Becerra (Estagiária - Centro de Informática na Agricultura - USP - Piracicaba, SP)

    Fonte: http://ci-67.ciagri.usp.br/pm/index.asp

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